terça-feira, 13 de setembro de 2016

Pai e Mãe - Gilberto Gil




Em Aquarius, novo filme de Kleber Mendonça Filho, a canção Pai e Mãe de Gilberto Gil é tocada, longamente, numa das cenas. Essa canção é bastante psicanalítica já que defende que repetimos as primeiras relações de afeto no decorrer da vida, que beijamos outros homens como beijamos nosso pai. A importância dessas primeiras relações está no fato de serem inaugurais. Elas deixam marcas que apontam caminhos, caminhos que, como os do leito de um rio, tenderemos a repetir. Na canção, Gil manda recado ao próprio pai: "Diga a ele que eu, quando beijo um amigo, estou certo de ser alguém como ele é..."  É característica do psiquismo buscar o que lhe é conhecido. O amigo deve ser, como o pai do poeta, alguém amoroso e protetor. Foi essa a experiência que ele viveu e que se repete (porque ele a busca, a cria) nas suas outras relações de afeto. O filme de Kleber nos mostra a resiliência da escritora Clara, mediante ofertas e ameaças de uma construtora civil, que deseja derrubar o prédio onde ela vive para construir um espigão. É nesse contexto que surge "Pai e Mãe", de Gil, na tela. A canção nos remete à importância das origens, à coerência da trajetória de uma vida. Belíssima canção que, no filme, encanta essa personagem brilhantemente vivida por Sônia Braga, e que consegue equilibrar com tanta dignidade e vivacidade o passado, o presente e os desejos de futuro.  

2 comentários:

  1. Maravilhoso modo de perceber, Claudinha... Eu senti isso, da importância da família, do elo familiar e do berço das primeiras emoções como um lugar sagrado... Beijos

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  2. Maravilhoso modo de perceber, Claudinha... Eu senti isso, da importância da família, do elo familiar e do berço das primeiras emoções como um lugar sagrado... Beijos

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